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Gerenciar pessoas é, boa parte do tempo, ser babá de adultos

  • Gustavo Sette
  • 7 de jun. de 2024
  • 2 min de leitura

“Não aguento mais me sentir uma babá de marmanjo!”. Essa frase recente de um mentorado ilustra bem uma sensação comum entre executivos: uma espécie de indignação com o fato de adultos precisarem ser lembrados do que precisa ser feito.


Essa indignação, contudo, é injusta, pois adultos, em geral, realmente precisam de direcionamento. É o mesmo processo que leva uma pessoa a começar uma dieta toda segunda-feira, a pagar academia e não ir, a iniciar um curso ou livro e abandonar, a gastar mais do que pode, mesmo sabendo disso, e assim por diante.


Os motivos para essa necessidade podem ser explicados por diversas teorias de comportamento, como a Teoria da Autodeterminação de Deci e Ryan (década de 1980), a Teoria do Reforço de B.F. Skinner (década de 1930), a Teoria da Perspectiva de Daniel Kahneman e a Gestão por Objetivos de Peter Drucker. No contexto latino, essa dinâmica é exacerbada por uma cultura que perpetua a imagem do patrão opressor e do lucro excessivo, além de problemas básicos de formação e educação. Adicionalmente, a crescente oferta de meios de interrupção e distração compete com as tarefas a serem realizadas, que muitas vezes são percebidas como tediosas.


A área mais interessante para se observar essa dinâmica é a comercial. Entregue a um time de vendedores uma meta individual totalmente factível no começo do mês, fique sem acompanhar e volte no dia 30 para ver o que aconteceu.


Passada a indignação, o gestor deve ser claro e redundante com seu time em: o que deve ser feito, como deve ser feito e por que. Idealmente, o trajeto deve ser construído com cada liderado, pois se vier da boca dele, é melhor. Mas nada garante que o que foi combinado será feito, então é preciso repetir e acompanhar, sempre lembrando que poucos funcionários pedem ajuda ou sinalizam que estão atrasados.


Com o tempo, o gestor deve adotar diferentes estilos de liderança, delegando algumas tarefas para alguns liderados e celebrando quando encontrar os casos raros de pessoas que recebem a missão e fazem o que precisa ser feito, sem acompanhamento da execução.


No meu trabalho mentorando gestores, o maior desafio não é ensinar o que fazer, mas sim reduzir o impacto emocional que isso causa. As expectativas de que adultos deveriam fazer o combinado sem tanta supervisão são frequentes, mas não há julgamento de valores aqui. O papel do gestor nesse cenário é ajudar as pessoas e ajudar a empresa. Pode não ser o que você sonhava, mas é boa parte do papel de ser gestor.


(da série “Verdades da vida corporativa”, com dores reais e atuais trazidas por mentorados)

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