O mito do "Acreditar" e do "Pensamento Positivo" na gestão de carreira
- Gustavo Sette
- 30 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
O atleta, logo após perder uma medalha por milionésimos de segundo, desabafa ao repórter:
- "Eu queria muito."
- "Não sei o que aconteceu."
- "Faltou acreditar que dava."
Essas declarações me fazem refletir sobre a ênfase exagerada no "acreditar" e no "pensamento positivo", assuntos fáceis para livros de aeroporto e programas motivacionais, mas é fundamental questionar sua real eficácia.
Ninguém se diferencia apenas pelo pensamento positivo ou por acreditar. Na verdade, vejo esses fatores como pré-requisitos. Quem pensa negativo dificilmente chegará a algum lugar e quem pensa positivo está apenas se qualificando para começar a jornada.
Quem briga pela vitória em geral compartilha algumas características: todos querem, todos acreditam e todos estão preparados. Além disso, é crucial gerenciar o que acreditamos sobre nós mesmos. Já me vi em situações em que não acreditava na empresa, nas pessoas ou na minha própria capacidade para aquele desafio... Decidi sair.
O atleta perdeu a medalha não por acreditar mais ou menos, mas porque todo mundo ali é muito bom, sem falar em um fator que nunca ganha a merecida importância: a sorte, o acaso, o imponderável, a micro variação no vento que, naquele milésimo de segundo, jogou a favor de um lado.
Outro fator pouco falado nessa questão é o chamado "viés do sobrevivente". Só um atleta ganhou o ouro? Ele será citado em livros e palestras por ter acreditado, se preparado e sonhado grande, mas TODOS ali acreditaram. Nesse cenário, será que, para a nossa vida real e os desafios que enfrentamos, não seria mais educativo ouvir uma palestra com o SEGUNDO colocado, ou com o QUARTO, ou seja, o primeiro entre os sem medalha? Como seguiu em frente?
Levo essa filosofia ao meu trabalho com mentorados, e já encontrei alguns que passaram por profissionais ou conteúdos com a falsa promessa do "basta acreditar que as coisas acontecem". Não é a minha linha.

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