Venda para um fundo: o caso clássico da família que regressa ao controle
- Gustavo Sette
- 21 de nov. de 2023
- 2 min de leitura
O Valor trouxe ontem uma ampla matéria sobre o caso da Tok&Stok, em que a fundadora teve que voltar ao papel de CEO. A família vendeu o controle a um fundo em 2012 e, desde então, foram 5 CEOs e muita perda de valor.
Não vou comentar o caso específico da Tok&Stok, mas já vivenciei e atuei em casos que seguem essa mesma narrativa clássica.
Coisas que já vi:
🤔 As promessas do período de namoro entre fundo e família não eram assim tão românticas... A empresa não era assim tão boa, alguns cadáveres apareceram e a tal ajuda do fundo não era tão abrangente.
📉 As tais sinergias e teses de crescimento prometidas nos powerpoints da Faria Lima não eram assim tão fáceis de tirar do papel.
🕵️ Já vi fundadores saírem do controle e assumirem um papel meio cínico de “eu não mando mais, mas estou aqui para ajudar”, usando sua enorme capacidade de influência para resistir às mudanças.
😔 Vi também fundadores arrependidos por vender o controle. Após o giro de barco em Mônaco nos primeiros meses, vem um vazio.
🔄 Muito clássico também o executivo de mercado indicado pelo fundo achar que sua experiência em grandes empresas vai funcionar na dinâmica de uma família que vendeu o controle (insisto que precisam de mentoria!).
Claro que já vi casos de sucesso, em que todos saíram ganhando e a empresa mudou de mãos para melhor, mas minha vivência até aqui, e ela pode mudar, indica que é melhor a venda total, o desligamento entre criador e criatura, com uma transição muito menos societária do que costuma ser feito.
Espero que a Tok&Stok se recupere sob gestão da fundadora, mas se isso acontecer, fica uma pergunta para o futuro: e nas próximas crises, a empresa seguirá o mesmo caminho?
Valor Economico, 20/11/23

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